SEDR: A integração da "Era Híbrida" no ensino profissional

Depois de ler os recursos e os comentários dos colegas no “VídeoAnt”, concordo que o modelo híbrido, enquanto opção sustentada e não disruptiva é aquela que melhor se adapta aos nossos tempos, permitindo usufruir das vantagens dos novos ecossistemas digitais, cada vez mais onlife, e onde a interação entre agentes humanos e não humanos pode conduzir ao desenvolvimento de uma geração capaz de responder aos desafios do século XXI.

No ensino profissional não é diferente, ou seja, e embora se encontre na comunidade DIY um exemplo de como determinadas técnicas podem ser aprendidas de forma online e digital, é sempre necessário que haja a presença de um professor, ou de um orientador que, capacitado científica e tecnicamente, é capaz de explicar e de demonstrar determinada técnica de pintura ou de marcenaria.
Portanto, a aplicação do modelo híbrido no ensino profissional, por exemplo, permitirá aos alunos ter acesso a mais técnicas, a conhecimento mais atualizado e à partilha de experiências entre a comunidade digital e junto dos atores não humanos (como por exemplo os simuladores), mas terá sempre no espaço da Escola a figura do professor ou do formador para o orientar na aplicação desses conhecimentos, permitindo a aquisição e o desenvolvimento de novas competências.
A integração da "Era Híbrida" no ensino profissional é fundamental para preparar os alunos para o mercado de trabalho atual e futuro, promovendo não apenas a aquisição de conhecimento, mas também o desenvolvimento de habilidades cognitivas essenciais. Ora, enquanto a Era Híbrida reconhece a importância de combinar aprendizagem presencial e online, segundo Christensen et al. (2015), a Educação Disruptiva desafia as práticas tradicionais, ou seja, “No mundo da educação, aqueles interessados em levar o ensino online para as escolas também têm duas opções. A analogia segue da seguinte forma: o ensino online está para a tecnologia hidráulica, como a sala de aula tradicional está para o antigo sistema a cabos. No mundo da educação, aqueles interessados em levar o ensino online para as escolas também têm duas opções. A analogia segue da seguinte forma: o ensino online está para a tecnologia hidráulica, como a sala de aula tradicional está para o antigo sistema a cabos. A opção sustentada é inventar uma solução híbrida que dê aos educadores “o melhor dos dois mundos” — isto é, as vantagens do ensino online combinadas a todos os benefícios da sala de aula tradicional. A opção disruptiva é empregar o ensino online em novos modelos que se afastem da sala de aula tradicional, e foquem inicialmente nos não-consumidores que valorizem a tecnologia pelo que ela é — mais adaptável, acessível e conveniente”.
Na minha opinião, os novos Ambientes de Aprendizagem não podem seguir a opção disruptiva, eliminando a sala de aula do ecossistema de aprendizagem. Pelo contrário, estes novos ambientes de aprendizagem devem proporcionar o contexto para que essas mudanças sejam sustentadas, promovendo a flexibilidade, a personalização e o acesso a recursos e especialistas num ecossistema digital alargado, com a atores humanos e não humanos afetos a várias áreas de saber. Essa abordagem deve permitir o desenvolvimento de competências digitais importantes para o currículo dos alunos, mas também de acordo com as exigências do mercado de trabalho atual.
Assim, e seguindo as ideias de Bruno Latour sobre redes e interações entre atores humanos e não humanos, podemos observar como os elementos tecnológicos, como as plataformas de aprendizagem online, os dispositivos digitais e a inteligência artificial, como o ChatGPT, interagem com os atores humanos, sejam eles alunos, professores ou especialistas da indústria, para construir e fazer evoluir os novos Ambientes de Aprendizagem.


Portanto, se pretendemos novos Ambientes de Aprendizagem temos de reconhecer a influência mútua entre tecnologia, práticas pedagógicas, contexto social e desenvolvimento cognitivo dos alunos, logo não podemos avançar para uma solução disruptiva, como o modelo de Rotação Individual, mas antes avançar para um modelo híbrido, que seja usado “para aperfeiçoar e oferecer melhorias sustentadas às salas de aula “industriais”, mas não para causar disrupção nelas” (https://www.pucpr.br/wp-content/uploads/2017/10/ensino-hibrido_uma-inovacao-disruptiva.pdf pp37).


Ou seja, estaremos a preparar o futuro, e tal como defendem Clayton M. Christensen, Michael B. Horn, e Heather Staker, embora se continue a andar de barco à vela, há muito que eles foram substituídos pelos barcos a vapor e até eles já foram substituídos, sendo que em cada transição, em cada passo evolutivo, foi determinante haver um período híbrido em que os novos e velhos “clientes”, uns por adaptação e outros por emoção, ajudaram a vingar a nova ideia, permitindo a desejada evolução. Assim também deve acontecer na educação e, sobretudo, na formação profissional, onde a cooperação, a experimentação e a partilha de saber são determinantes para o desenvolvimento de novas competências.

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