SEDR Reflexão pessoal

Tema 1. A sociedade digital e os novos desafios da educação (onlife), da unidade Sociedade e Educação Digital e em Rede


A reflexão levantada por J. António Moreira é extremamente pertinente e coloca em evidência um ponto crucial: a questão não reside necessariamente no digital em si, mas sim na forma como ele é integrado e utilizado no contexto educativo.

Não raras vezes, tendemos a atribuir ao digital a culpa pelo desinteresse dos alunos ou pela sua desconexão com a escola, quando na realidade, o problema pode residir em práticas pedagógicas ultrapassadas que não conseguem aproveitar plenamente as potencialidades das tecnologias digitais.

O sistema de ensino precisa evoluir para acompanhar as mudanças na sociedade e na forma como as novas gerações aprendem e interagem com o mundo. Isso significa reconhecer que os alunos de hoje são nativos digitais, que cresceram imersos na tecnologia, e que aprenderam a se relacionar e a obter informações de maneiras diferentes daquelas tradicionalmente valorizadas pela escola. O sistema tradicional continua a valorizar a memorização, com a repetição de processos e operações, mas as novas gerações sabem que podem aceder facilmente à informação, e não valorizam esta prática pedagógica.

Portanto, em vez de culpar o digital, devemos repensar as práticas pedagógicas, adotando abordagens mais centradas no aluno, colaborativas e participativas. Isso implica permitir que os alunos tenham um papel ativo na construção do seu próprio conhecimento, utilizando as tecnologias digitais como ferramentas para a exploração, investigação e criação.

Além disso, é fundamental que os professores sejam capacitados e apoiados para integrar de forma eficaz as tecnologias digitais no processo de ensino-aprendizagem, de modo a promover uma educação mais significativa e relevante para os alunos do século XXI.

Na era da inteligência artificial e da hiperconetividade, o sistema de ensino enfrenta o desafio de se adaptar a um novo paradigma de aprendizagem que seja inclusivo, personalizado e eficaz. Uma das chaves para alcançar uma educação de qualidade nesse contexto é o desenvolvimento de um ecossistema de aprendizagem que integre diversas ferramentas, recursos e práticas educacionais que sejam acessíveis a todos.

E, se para a UE e para a ONU, a preocupação é tornar a tecnologia que permite a existências destes ecossistemas acessíveis a todos, há quem tenha levado a Inteligência Artificial a regiões remotas e mais pobres, fazendo uso da tecnologia existente. Portanto, e como referido nos vários recursos analisados, o foco não deve ser a tecnologia em si, mas a utilização da tecnologia já existente, de forma que todos possam usufruir dela de forma construtiva, criando as bases de uma educação inclusiva e de qualidade. Nesse sentido, é essencial reconhecer que a transformação digital não é apenas uma questão de acesso à tecnologia, mas também de como essa tecnologia é utilizada para promover a aprendizagem significativa e a participação ativa dos alunos. É preciso repensar os modelos educacionais tradicionais e adotar abordagens mais flexíveis e adaptativas, que permitam a integração do digital de forma harmoniosa e eficaz no processo de ensino-aprendizagem.

Ao considerar a criação de ecossistemas de aprendizagem digital inclusivos e acessíveis, é fundamental garantir que as tecnologias sejam utilizadas de maneira ética e responsável, promovendo a equidade e a diversidade. Isso implica fornecer acesso às ferramentas tecnológicas, mas também capacitar os professores e os alunos para utilizarem de forma criativa e crítica essas ferramentas, desenvolvendo habilidades digitais e competências necessárias para a sociedade atual.

Portanto, a preocupação não deve ser apenas com a disponibilidade de tecnologia, mas sim com a sua utilização efetiva para promover uma educação que seja relevante, significativa e equitativa para todos os alunos, independentemente de sua origem socioeconómica ou localização geográfica. Isso requer um compromisso coletivo de toda a comunidade educativa, incluindo governos, instituições de ensino, professores, alunos e a sociedade em geral, para garantir que a tecnologia seja usada como uma ferramenta poderosa para capacitar e transformar vidas.

O desenvolvimento deste ecossistema deve ser pensado para proporcionar uma experiência de aprendizagem completa e enriquecedora, que atenda às necessidades individuais dos alunos e os prepare para os desafios e oportunidades do século XXI.

Para que isto seja possível, é necessário que a tecnologia existente seja otimizada enquanto se promove a integração de plataformas de aprendizagem online, aplicativos e jogos educacionais, ferramentas de inteligência artificial, recursos de realidade virtual e aumentada, redes sociais e comunidades de aprendizagem, laboratórios virtuais e simulações, tecnologias de assistência e acessibilidade, além de formação de professores e criação de suportes pedagógicos que permitam os professores assumirem o papel de curadores da informação disponibilizada aos alunos.

A meta será criar um ambiente de aprendizagem dinâmico e interativo, onde os alunos possam explorar, experimentar, colaborar e criar de forma significativa. Ao utilizar algoritmos de IA para personalizar o conteúdo e as atividades de aprendizagem, os educadores podem adaptar o ensino às necessidades individuais de cada aluno, oferecendo feedbacks instantâneos e ajustando o ritmo de ensino conforme o progresso do estudante. Ao adotar estas práticas, não estamos a replicar online os métodos de ensino presencial, mas estamos a lançar as bases de uma nova prática pedagógica que se liberte da memorização, e foque o desenvolvimento de competências como o pensamento crítico, a criatividade, a colaboração, a comunicação e a resolução de problemas, que são essenciais para o sucesso pessoal e profissional num mundo impulsionado pela IA.

Além disso, ao integrar elementos como redes sociais e comunidades de aprendizagem, os alunos têm a oportunidade de colaborar, trocar conhecimentos e compartilhar recursos uns com os outros, criando espaços de aprendizagem colaborativa e networking. Essa abordagem não apenas enriquece a experiência de aprendizagem, mas também promove habilidades essenciais, como trabalho em equipa, comunicação e pensamento crítico.

Para os professores, o ecossistema de aprendizagem oferece recursos de capacitação e suporte pedagógico, dando-lhes competências que lhes permitem utilizar eficazmente as tecnologias digitais e de IA nas suas práticas pedagógicas. Este processo tem de incluir o desenvolvimento de competências relacionadas à meta cognição e à inteligência emocional, que são essenciais para promover uma aprendizagem significativa e uma educação de qualidade, seguindo a ideia da meta cognição defendida pelo professor Ronaldo Mota.

Concluindo, a criação de um ecossistema de aprendizagem integrado e interconectado é fundamental para proporcionar uma educação de qualidade na era digital. Ao combinar tecnologia, pedagogia e formação de professores, podemos criar experiências de aprendizagem que sejam inclusivas, personalizadas e eficazes, preparando os alunos para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mundo em constante mudança em que vivemos.


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